sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pacientes do Hospital Regional recebem atendimento em casa

O Hospital Regional de São José, além de ser o maior hospital público da
rede estadual, se difere das demais unidades administradas pela Secretaria
de Estado da saúde por oferecer um tratamento especial com uma equipe
multidisciplinar que todas as semanas vai até a casa dos pacientes que
necessitam de cuidados ambulatoriais.

A última quinta-feira (19) foi um dia atípico para a equipe do Programa
de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (PADI. Além dos cinco pacientes
atendidos em média todos os dias, dois receberam os profissionais do
Hospital Regional de São José (HRSJ) em casa pela primeira vez.

Segundo o chefe do programa, o médico geriatra Paulo Cesar dos Santos
Borges, o sistema foi criado em 1992 de maneira informal. Em 2008, quando
ele assumiu a coordenação, o PADI foi reestruturado no âmbito do SUS, com
uma nova visão de assistência domiciliar baseada na interdisciplinaridade,
de acordo com as normas da portaria nº 2529, de 19 de outubro de 2006, do
Ministério da Saúde (MS).

O PADI atende idosos, portadores de doenças crônico-degenerativas e de
incapacidade funcional, provisória ou permanente. Como o Sr. João Firme
Filho, de 64 anos. Ele foi atropelado, passou por cirurgia e ficou
internado no HRSJ do dia 29 de abril ao dia 13 de maio deste ano.

Uma semana depois de ter alta, ele recebeu pela primeira vez em sua casa,
no município de Biguaçu, a equipe para trocar curativos, aplicar pomadas e
dar algumas orientações. A esposa, Dona Odete, contou que chegou a ficar
desesperada com a situação, mas acabou desabafando: "como foi bom que
vocês vieram até aqui, me alivia muito". A dona de casa, de 63 anos, ainda
brinca: "é um velho cuidando do outro".

O programa inclui procedimentos como aplicação de medicamentos
parenterais, ou seja, na veia, e suporte de oxigênio. Mas o diferencial
maior, explica a enfermeira chefe do programa, Emanuelle Landi, são os
cuidados paliativos. "Estes são casos em que não há mais possibilidade
terapêutica para o tratamento. Então nós vamos até a casa desses pacientes
para dar um pouco de conforto e alívio junto à família", esclarece.

Mais de 50% dos pacientes atendidos pelas equipes do PADI foram acometidos
por Acidente Vascular Cerebral (AVC), e outros 20% sofreram traumatismos
raquimedulares e cranioencefálicos. O Dr. Paulo Cesar explica que "são
quadros clínicos estabilizados que podem e devem ser acompanhados por uma
equipe multiprofissional em residência".

É o caso do Sr. Irineu Schmidt, de 76 anos, que reside em São José. Em
junho de 2008 ele sofreu três AVC's consecutivos, tem Mal de Alzheimer e
há dois anos recebe o PADI em casa. Laura, de 66 anos, parou de trabalhar
pra cuidar do marido e diz que em casa se sente mais à vontade. "Tínhamos
dificuldade para sair com o Irineu, pois a casa tem degraus e ele não se
movimenta. Agora é bem mais fácil", conta.

Os pacientes inseridos no programa, além de receberem a visita de médicos,
enfermeiros e assistentes sociais em casa, são monitorados por telefone
semanalmente. O tratamento pode variar de quatros meses a dois anos. Uma
das maiores vantagens do atendimento em domicílio é a "desospitalização",
possibilitando que um paciente receba tratamento adequado em casa, sem
internação, garantindo economia do processo hospitalar. Além disso, evita
reinternação de pacientes crônicos e oferece um tratamento terapêutico
humanizado.

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