quinta-feira, 13 de maio de 2010

Desfile de cortejos e encontro de bandeiras anunciam Ciclo do Divino em Florianópolis

Desfile de cortejos e encontro de bandeiras anunciam

Ciclo do Divino em Florianópolis

 

         Em todos os lugares do mundo onde há influência da cultura açoriana existe a Festa do Divino Espírito Santo, inclusive em Florianópolis, cuja tradição resiste ao tempo na Ilha e região continental. Mas, pela primeira vez, as bandeiras e cortejos do Divino de 14 comunidades da Capital e de cinco municípios da Grande Florianópolis vão estar juntos num grande desfile pelo centro da cidade para anunciar o início do ciclo de festividades, valorizando o legado secular trazido do arquipélago dos Açores. O evento, que acontece neste sábado (15/05), às 9h30, é promovido pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), com apoio da Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina e Arquidiocese de Florianópolis.

         A concentração dos grupos inicia às 8h30, no Forte Santa Bárbara, sede da Fundação Franklin Cascaes, de onde sairá o cortejo coletivo pelas ruas da cidade. O desfile vai abranger a rua Antônio Luz, Avenida Paulo Fontes, ruas Jerônimo Coelho, Felipe Schmidt e Arcipreste Paiva, finalizando no Largo da Catedral, onde haverá uma celebração e cantorias para marcar o encontro das bandeiras.

 

Atividades divulgam as festas

 

         Para dar visibilidade a essa tradição, uma programação alusiva ao início do Ciclo do Divino Espírito Santo em Florianópolis ocorrerá durante toda a semana em diferentes locais. Na segunda-feira (17/05), às 19h, no Forte Santa Bárbara, será inaugurada a exposição “Divina Tradição”, que vai abrigar objetos, bandeiras e trajes alusivos à Festa do Divino. A mostra ficará aberta à visitação pública até sábado (22/05), com atendimento das 9h às 19h.

         Como manda a tradição, foliões do Divino farão o peditório com um dos principais símbolos da festa. Na terça-feira (18/05), a comitiva com a Bandeira do Divino vai visitar a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), às 17h, e depois  a Câmara de Vereadores, às 19h. Na sexta-feira (19/05), o périplo será na sede do Tribunal de Contas, no Centro.

         Na quarta-feira (19/05), no Forte Santa Bárbara, às 10h30, haverá a abertura solene do Ciclo do Divino em Florianópolis, conforme estabelece a Lei Municipal nº 8010/2009, que institui a data comemorativa na quarta-feira anterior ao Domingo de Pentecostes no calendário móvel da Igreja. Nesse dia haverá apresentação musical da banda Amor à Arte e hasteamento da Bandeira do Divino num mastro especialmente confeccionado para o evento. A iniciativa visa anunciar à cidade o início do período das festividades, que vai de maio a setembro, culminando com o descerramento da bandeira no término do ciclo.

         Paralelamente a essas atividades, a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes vai oferecer uma oficina para confecção de trajes da Festa do Divino. A iniciativa visa estimular o feitio das roupas pelas comunidades que promovem o evento, considerando que o alto custo do aluguel dos trajes da corte imperial vem sendo um fator de desestímulo para a preservação dessa tradição que é realizada há mais de dois séculos na Ilha de Santa Catarina. No final do ciclo, em setembro, será realizado um encontro de Folias do Divino, assim como uma exposição do traje feito pelas alunas da oficina.

 

Manifestação é rica em símbolos

 

As Festas do Divino Espírito Santo ocorrem em quase 50 cidades onde houve imigração açoriana no litoral catarinense, entre elas Florianópolis. De acordo com a professora Lélia Pereira Nunes, no Livro Caminhos do Divino – Um Olhar sobre a Festa do Espírito Santo em Santa Catarina (Ed. Insular, 2007), essa manifestação popular é uma prática coletiva de forte simbologia e subjetividade, que mescla atividades religiosas, profanas e folclóricas.

Comemorada durante as celebrações de Pentecostes (50 dias após a Páscoa), a Festa do Divino reúne um expressivo conjunto simbólico que traduz a devoção ao Espírito Santo, e do qual faz parte a bandeira, cetro, salva, coroa, corte imperial, coroação do Imperador, folias e cantorias, promessas e pãezinhos, fogos de artifício, bailes, bingos, leilões e folguedos populares, além de novenas, missa solene, Te-Deum, bênçãos, peditórios e procissão da corte imperial, entre outros elementos.

O Ciclo do Divino Espírito Santo inicia quase sempre com a saída da Bandeira do Divino em romaria pelas ruas da comunidade. Ao som de rabeca, viola e tambor, os foliões do Divino seguem num périplo de casa em casa, anunciando a festa e pedindo donativos. Ornada com fitas multicoloridas e trazendo no alto do mastro uma pomba branca, a bandeira tem presença emblemática em todas as atividades, sendo um dos principais símbolos do evento, cujo ponto alto é a cerimônia de coroação do Imperador.

Para a professora Lélia Nunes, estudiosa do tema, a Festa do Divino é rica em simbolismos e variações de um lugar para outro, mas ainda preserva a essência do culto ao Espírito Santo. Comemora a esperança na chegada de uma nova era – um futuro onde haverá paz, partilha, solidariedade, liberdade, caridade e união entre as pessoas: o tempo do Império da Igualdade.

 

Tradição vem de Portugal

 

Alguns historiadores contam que a Festa do Divino Espírito Santo surgiu na Alemanha, no século XII, de onde se propagou para a Europa. Mas foi no século XIV, em Portugal, que a manifestação popular ganhou maior dimensão e divulgação, chegando ao arquipélago dos Açores. 

Um dos defensores dessa ideia é o escritor e filósofo português Agostinho da Silva (1906-1994), que dedicou parte de sua vida à pesquisa da cultura luso-açoriana. Segundo ele, a origem da festa em terras portuguesas deveu-se à extrema devoção da Rainha Isabel de Aragão, que pela vida voltada à caridade e prática do bem e pelos milagres que lhe foram atribuídos, ficou conhecida como “Rainha Santa”, sendo canonizada em 1625 pela Igreja. 

No artigo Isabel e a Origem das Festas do Espírito Santo entre os Portugueses”, publicado no site A Diáspora, o filósofo conta que em 1282, ainda jovem, Dona Isabel foi dada em casamento a Dom Dinis, Rei de Portugal, nascendo dessa união o príncipe Afonso, herdeiro legítimo do trono. Anos mais tarde, por ciúme do amor e da atenção que o monarca dispensava a um filho concebido fora do casamento, batizado com o nome de Afonso Sanches, iniciou-se um ciclo de desavenças entre o príncipe Afonso e o Rei de Portugal – o que culminou em guerras pela conquista do trono.

Temendo a morte do esposo e do filho nesses conflitos, Isabel de Aragão, apegada às convicções cristãs, prometeu ao Espírito Santo um dia de culto e a própria coroa para que a paz voltasse à sua família e ao reino – o que ocorreu. Atribuindo a dádiva ao poder divino, a rainha cumpriu a palavra. No Dia de Pentecostes, em 1296, levou a prometida coroa real à Igreja erguida na Vila de Alenquer. Para a entrega, formou-se uma solene procissão com nobres do reino transportando estandartes com o símbolo do Espírito Santo.

Uma celebração jamais vista no país foi realizada para externar a vontade do Rei e da Rainha em servir ao povo no espírito da caridade e humildade, e onde os humildes eram exaltados, recebendo as insígnias do poder real – coroa e cetro – simbolizando a instituição do Império do Espírito Santo. Ao fim da solenidade, um banquete (o bodo) era partilhado com os pobres. Por ordem da Casa Real, a festa passou a ser realizada todos os anos na mesma data, ultrapassando as fronteiras do tempo e do território português.

 

Serviço:

 

O Quê: Lançamento das festividades do Ciclo do Divino Espírito Santo

 

Onde: Forte Santa Bárbara – sede da Fundação Franklin Cascaes

          Rua Antônio Luz 260 - Centro

 

Quando: sábado (15/05) – 9h30

 

8h30   – concentração no Forte Santa Bárbara – Centro

9h30   – desfile do cortejo do Divino Espírito Santo pelas ruas centrais

10h     – encontro das Bandeiras do Divino no Largo da Catedral – Centro

11h30 – confraternização dos cortejos no Forte Santa Bárbara – Centro

 

 

Programação da Semana

 

 

Segunda-feira (17/05)

 

19h – Abertura da Exposição “Divina Tradição”

          Forte Santa Bárbara (sede da Fundação Franklin Cascaes) – Centro

          Exposição aberta à visitação pública até 22/05 – das 9h às 19h

 

Terça-feira (18/05)

 

17h – Visita da Bandeira do Divino à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)

 

19h – Visita da Bandeira do Divino à Câmara de Vereadores

 

Quarta-feira (19/05)

 

10h30 – Abertura Oficial do Ciclo do Divino Espírito Santo em Florianópolis

              Forte Santa Bárbara - sede da Fundação Franklin Cascaes

              (conforme Lei Municipal nº 8010/2009)

           – Apresentação da banda Amor à Arte

           – Hasteamento da Bandeira do Divino Espírito Santo

 

Sexta-feira (21/05)

 

15h – Visita da Bandeira do Divino ao Tribunal de Contas

 

 

Outras atividades

 

Junho a setembro

Oficina de confecção de trajes da Festa do Divino

 

Setembro

Encontro Municipal de Folias do Divino


 

Calendário das Festas do Divino nas Comunidades

 

Maio

 

20 a 23 – Centro / Praça Getúlio Vargas 

               Igreja do Divino Espírito Santo

              Casal Festeiro: Paulo Sérgio Gallotti P. Paraíso

                                        Sandra Mara M.P. Paraíso

 

22 e 23 – Monte Verde

                Matriz São Francisco Xavier – Ação Social Paroquial

               Casal Imperador: Aristhides Martins

                                             Santina Angelina Martins

 

22 e 23 – Ribeirão da Ilha

                Matriz Nossa Senhora da Lapa

               Casal Imperador: Altamiro Bento Martins

                                             Maria Braulina Vieira Martins

 

29 e 30 – Lagoa da Conceição

                Santuário Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Lagoa

               Casal Imperador: Marcindo Januário da Silveira

                                             Eliete Jordelina da Silveira

 

Junho

 

02 a 06 – Trindade

               Paróquia Santíssima Trindade

              Casal Imperador: Braz João da Silveira

                                            Marlethe Botelho da Silveira

 

04 a 06 – Rio Tavares

                Capela do Bom Jesus

               Casal Imperador: Vilson Amaral

                                             Ionice Amaral

 

04 a 06 – Pântano do Sul

                Capela de São Pedro

               Casal Imperador: Ademir Eugênio Sardá

                                            Maria Gorete Sardá

 

19 e 20 – Prainha

                Paróquia Santa Terezinha

              Casal Imperador: João Gilberto Prazeres

                                           Solecia Elizabeth Prazeres

 

Julho

 

09 a 11 – Campeche

                Capela São Sebastião

               Casal Imperador: Silvio Ricardo de Andrade

                                             Kizele Lopes de Souza

 

09 a 11 – Estreito

                Santuário Nossa Senhora de Fátima

               Casal Imperador: Nilton José Miguel da Silva

                                           Ivonete Maria Bruggmann da Silva

 

Setembro

 

03 a 05 – Santo Antonio de Lisboa

                Igreja Nossa Senhora das Necessidades

                Casal Imperador: Ivo Manoel de Oliveira

                                            Ruth de Braga Oliveira

      

03 a 05 – Barra da Lagoa

                Capela de São Pedro

               Casal Imperador: Antônio José de Souza

                                             Jocelir Adriana B. de Souza

 

10 a 12 – Rio Vermelho

                Igreja São João Batista

               Casal Imperador: Gilmar Gualberto Soares

                                             Maísa Zaide Caetano Soares

 

17 a 19 – Canasvieiras

                Igreja São Francisco de Paula

               Casal Imperador: Laudelino Domingues Oliveira

                                            Neuza Maria Padilha de Oliveira

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